O futsal no nosso país é o desporto mais praticado por crianças, jovens e adultos. Esta adesão, muitas vezes, acontece devido à condição social da população, que não tem acesso fácil a complexos desportivos ou locais propícios a descoberta e aprendizado de outros desportos. Outro factor importante que reforça a abrangência do futsal é a facilidade com que ele é jogado, pois se faz necessário apenas uma bola, seja ela de borracha, oficial ou simplesmente uma bola feita de meias.
Mas, às vezes, na ausência do objecto de desejo (a bola), é comum encontrarmos crianças a brincar ao futsal, por exemplo, no recreio da escola com uma lata da refrigerante, um pacote de leite ou qualquer objecto, simulando um jogo. Outras vezes, formam até balizas com materiais também alternativos como mochilas, pedras, etc, para deixar a brincadeira mais semelhante ao jogo. Este tipo de situação é mais comum do que podemos imaginar, pois é necessário apenas criatividade, imaginação, características inerentes nas crianças.
A criançada, desde cedo, “brinca ao futsal”, tendo como maior objectivo satisfazer a vontade de jogar e imaginar-se jogando como seu ídolo. Nas palavras de Freire (2006, p.02):
[...] basta dar uma volta por aí, pelas áreas das praias, pelas quadras de futebol de salão, pelas ruas de terra ou de asfalto, por cada pedacinho de chão onde uma bola possa rolar, o observador atento descobrirá que o futebol para o brasileiro é uma grande brincadeira. Jogar tem sido a maior diversão da infância brasileira, principalmente da infância mais pobre e masculina, dos meninos de pés descalços, das periferias, dos lugares onde sobra algum espaço para brincar.
No vídeo acima fica evidente o poder da brincadeira, onde duas crianças em sua imaginação transformam um simples jogo em uma partida de futebol, colocando nas suas equipas os jogadores em que se espelham ou desejam ser um dia.
E basta a mãe de José o chamar para casa, que ele volta a sua realidade.
No entanto, com o aumento de escolas futsal, locais que, nem sempre tem pessoas capacitadas para o ensino de futsal, seja ele professor de Educação Física ou ex-jogador, percebe-se uma preocupação excessiva na execução “correta” da técnica do futsal. Este método de ensino, geralmente, privilegia os mais habilidosos da equipa, excluindo aqueles que, por vários motivos, não desenvolveram a técnica fora daquele ambiente, além de trazer à tona o desporto na perspectiva da performance (alcançar seu melhor rendimento) precocemente. Este assunto é abordado mais profundamente em um outro no artigo do grupo - “O desenvolvimento motor dos atletas das categorias de base - a especialização precoce”.
Discordando desta concepção, Freire (2006) enfatiza a necessidade de um ambiente rico em brincadeiras e sem sistematizações rígidas, respeitando e valorizando a os conhecimentos prévios a respeito do futebol, e criando um ambiente saudável e prazeroso para o aprendizado de um desporto. Nesse sentido, podemos citar algumas brincadeiras ou jogos que podem ser aplicadas nas aulas de futsal. Cada brincadeira ou jogo exige a execução de um ou mais fundamentos do futsal.
Este tipo de exercícios/jogos estimulam a participação e possibilita o desenvolvimento dos fundamentos do futsal, assim como um aumento de respostas motoras, como nos diz Scaglia (apud NISTA-PICCOLO, 2003, p.69):
A exploração do tema pelo lúdico é o momento em que o aluno tem a oportunidade da descoberta, da criação em cima da temática da aula, ou seja, numa brincadeira adaptada, a criança usa seu repertório motor para aprender, desenvolver, criar, descobrir um novo movimento.
Por isso, é importante ressaltar e reconhecer a necessidade das brincadeiras estarem presentes durante as aulas, sendo utilizadas como uma ferramenta pedagógica eficiente e prazerosa, pois se as próprias crianças gostam e realizam as actividades na rua, na escola, nos parques, nada mais justo que transportá-las para o futsal.
in "Futsalcomovocenuncaviu"
Lindooooooooo...
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